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Publicado em 09 abril/2021.
O Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) realizou hoje, dia 9 de abril, uma live com o tema “O colapso da saúde: e agora?”, tendo como convidados o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, e o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti. Participaram a presidente do Conselho Municipal de Saúde de BH, Carla Anunciatta, e o vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva.
Ao iniciar a reunião, os conselheiros reforçaram a importância do Sistema Único de Saúde e a necessidade de atuação conjunta entre os gestores municipal e estadual, juntamente com a participação popular para enfrentamento da Covid. Carla Anunciatta destacou que “enquanto controle social o objetivo não era constranger ninguém, mas junto com o poder público pavimentar um caminho que coloque acima de tudo a preservação de vidas”.
Em seguida, fez um retrato da situação no município e no Estado, com as principais dificuldades encontradas como falta de leitos de CTI, de insumos, demora na vacinação e falta de testagem, causando muitas mortes e sofrimento.
Colocados os principais problemas, a presidente do CMSBH, e que o Conselho faz as seguintes recomendações : lockdow de pelo menos três semanas em todo o Estado, renda emergencial, subsídio para pequenos e médios empresários poderem manter seu negócio fechado, transporte coletivo mais eficiente para trabalhadores essenciais, um plano de “catástrofe” para socorrer UPAs e Samu, divulgação diária da fila de leitos para CTI, mais vacinação e mais testagem. O conselheiro estadual, Ederson Alves, colocou que é preciso ampliar a onda roxa e a questão do hospital de campanha e dos insumos.
Respondendo às questões, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, reforçou que essa é uma situação de guerra: “Embora tenhamos nos preparado cedo, antes do primeiro caso, jamais poderíamos prever essa catástrofe causada principalmente pelas novas cepas, levando à superlotação das UPAs e CTIs”.
Questionado sobre a vacinação dos profissionais de saúde, Jackson Machado disse que o município tem feito todos os esforços para aquisição de vacinas, assim como de testes, sem sucesso. Enquanto isso, afirmou, “não temos autonomia para decidir quem é vacinado ou não. Essa é uma atribuição exclusiva do Plano Nacional de Imunização (PNI) que estamos seguindo a risca. Então não é por vontade própria que o município não vacinou todos os profissionais de saúde. Belo Horizonte já vacinou 15% da população e 40 mil profissionais de saúde. Não fizemos mais porque não conseguimos vacinas nem do governo federal nem para comprar”, alegou.
Destacou entre as providências do município a tentativa de tirar os casos de não Covid das UPAs, com a criação de centros regionais funcionando 24 horas, e a abertura de novos leitos que aumentaram de 101 unidades , em março /2020, para os atuais 570. Segundo ele, existe uma preocupação muito grande com a falta de financiamento do SUS: “O recurso que vinha do governo federal terminou em fevereiro. A Secretaria está trabalhando com déficit mensal de 40 milhões”.
Informou que em março a média em Belo Horizonte era de 228 pessoas esperando por um leito de CTI, com registros entre 12 e 15 óbitos por dia nas UPAs, justificando que não existe mais espaço físico para novos leitos e nem profissionais da saúde em número suficiente. Revelou que, hoje, a grande preocupação é a falta de kits de entubação, o que levou por exemplo ao fechamento do Hospital Luxemburgo.
O secretário estadual e ex-presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti disse que o Estado tem trabalhado muito na ampliação de leitos e que, um dia após chegar à Secretaria, foi decretada a onda roxa. Segundo ele, a cepa P1, de Manaus, é a mais prevalente em Minas, o que gerou um pico muito intenso e grande estresse nos hospitais.
Destacou que a situação vem melhorando no Estado. Hoje são 573 pacientes aguardando leito em CTI, há uma semana eram quase 800: “A redução dos números traz um certo alento, com algumas cidades já com leitos vagos, embora a situação esteja muito preocupante ainda nas regiões de Valadares e Divinópolis. O óbito é o último indicador a melhorar”, afirmou.
Em relação ao hospital de campanha, disse que os leitos de enfermaria não têm sido o maior problema, com taxa de ocupação em torno de 75%. Reforçou que a grande preocupação têm sido os insumos como o kit entubação que agora passou a ser fornecido pelo Ministério da Saúde, provocando uma descontinuidade na entrega: “Com isso, a necessidade de redução de pacientes se dá principalmente em relação à falta de insumos não só deleitos”.
Segundo ele, neste momento, não existe nenhum estoque de insumos, informando que será feita uma auditoria para avaliar a situação para que o Estado possa fazer uma distribuição da forma mais assertiva possível.
Presidente do Sinmed-MG reforça importância de priorizar a vacinação dos profissionais da saúde
Para o diretor-presidente do Sinmed-MG, Fernando Mendonça, a iniciativa do Conselho Municipal de Saúde de reunir os dois secretários– municipal e estadual – foi muito importante para levar a discussão até usuários, profissionais de saúde, membros de movimentos sociais e sindicatos, entre outros.
Em relação à fala do secretário de Saúde, Jackson Machado, Mendonça disse que o Sinmed-MG continua discordando da decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de não priorizar os profissionais de saúde, destacando que a imunização desse público é de extrema necessidade para que continuem a prestar a necessária assistência à população. Lembrou que, diferentemente de Belo Horizonte, vários municípios do interior do Estado já vacinaram praticamente todos os profissionais de saúde.
Sobre o caos no sistema, Mendonça afirma que o Sinmed-MG já vinha alertando, antes mesmo da pandemia, para a necessidade das gestões reestruturarem a saúde com mais profissionais, equipamentos e recursos necessários: “Nesse momento extremamente crítico, a nossa preocupação se volta para a falta de médicos e a necessidade de vacinação de todos eles, já que sem esses profissionais a saúde terá outros graves problemas. A hora exige atitudes urgentes”.