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29 fevereiro/2021.
A clínica médica e cardiologista, Edwiges da Silva Araújo, atualmente diretora clínica do Hospital e Maternidade São José de Conselheiro Lafaiete, fala sobre a situação do município, referência na região para o atendimento à COVID-19 e outras doenças, e da chegada da vacina.
Qual a realidade da pandemia hoje em Conselheiro Lafaiete?
Desde a primeira quinzena de janeiro, tivemos um aumento expressivo no número de casos, principalmente mais graves. Por enquanto, o hospital São José está dando conta da demanda, mas está superlotado. Além de atender COVID, somos porta de entrada para acidente vascular cerebral, politraumatismo e outras morbidades. Além disso, como hospital referência, recebemos doentes de várias cidades, até de Congonhas, e toda a demanda do SAMU.
Qual a estrutura dos serviços de saúde locais para acolher a demanda?
O Hospital e Maternidade São José está funcionando como referência para casos graves. São 17 leitos de CTI exclusivos para a doença e, com o aumento da demanda, estamos ampliando para 20. Disponibilizamos também leitos de enfermaria.
Os pacientes são atendidos na policlínica municipal e dependendo da gravidade e disponibilidade de leitos são transferidos para o Hospital de Campanha e Hospital São José.
Qual o envolvimento da população e das lideranças locais com os cuidados preventivos?
Acho que nossa liderança tem feito o possível para conscientizar a
população, desenvolvendo boletins regulares e orientações sobre a forma de transmissão
do vírus e sua propagação.
A sra. acha que as medidas tomadas até agora foram adequadas?
A nossa rede de saúde foi reestruturada em tempo recorde. Só no Hospital São José foram abertos 17 leitos de UTI, com a proposta de elevarmos este número para 20. Este será um ganho para a Saúde local pós-pandemia.
A sra já foi vacinada? Como está esse processo em Conselheiro Lafaiete?
Nós que estamos na linha de frente no Hospital São José já fomos vacinados, mas o número de vacinas que chegou no município foi muito pequeno – 1.500 doses. O hospital São José recebeu apenas 150 doses, insuficientes para vacinar aqueles que estão na linha de frente, o que inclui os médicos, mas também enfermeiros, funcionários da limpeza, da manutenção e outros.
Acho que não houve por parte da Prefeitura um dimensionamento correto das doses da vacina para atender também os outros centross que estão atendendo à COVID como o hospital de Campanha, a policlínica municipal e os prontos atendimentos da Unimed e da FOB (Fundação Ouro Branco).
Quais os impactos da pandemia sobre os profissionais médicos da rede de saúde ?
O impacto emocional tem sido desafiador para nós que estamos atendendo os pacientes com COVID. Temos mantido as escalas com dificuldades, principalmente quando os colegas ficam sintomáticos e têm de se afastar do trabalho. Hoje a principal dificuldade é manter as equipes de enfermagem, portanto os sistemas de contratação têm sido mais regulares e necessários neste período. São muitas perdas e ,neste momento, precisamos de muita força e fé!