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7 de janeiro/2021 ——–
Médicos destacam : “estamos tristes em constatar que a cidade vai ter que fechar ainda mais suas atividades, pois sabemos o quanto isso prejudica a vida de tantas pessoas. Mas do ponto de vista da saúde pública, é importante enfrentarmos novamente essas restrições”.
Nós do GRUPO COLABORATIVO DE COORDENADORES DE UTIs DE BELO HORIZONTE também estamos tristes em constatar que a cidade vai ter que fechar ainda mais suas atividades, pois sabemos o quanto isso prejudica a vida de tantas pessoas. Mas do ponto de vista da saúde pública, é importante enfrentarmos novamente essas restrições.
Nesta primeira semana do ano continuamos com cerca de 430 pessoas com COVID internadas em UTI e 280 em ventilação mecânica nas UTIs dos hospitais públicos (SUS) e privados (convênios e seguros de saúde) de Belo Horizonte.
Ainda dá para ter esperança de que não vamos ver a tragédia de doentes morrendo sem assistência adequada, ver gente morrendo na fila esperando vaga de UTI, ou até mesmo ver pessoas morrendo na rua sem assistência como aconteceu em muitas cidades, naquele cenário que chamamos de colapso do sistema de saúde.
Mas agora depende de todos como uma sociedade responsável e solidária evitar que isso aconteça.
Temos atualmente cerca de 520 leitos de UTI disponíveis para pacientes COVID, mas está muito difícil conseguir aumentar esse número, pois não está sendo possível achar profissionais treinados (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos) em condições de assumir mais plantões de assistência dos pacientes com COVID crítica. É um trabalho duro e ultra especializado, que exige anos de treinamento supervisionado antes de assumir um plantão sozinho. Em muitos casos, os próprios coordenadores que acompanham os casos durante o dia estão dando plantão noturno para cobrir colegas que adoeceram com COVID e não têm mais como substituir.
Um paciente crítico com COVID que não encontra uma vaga de UTI tem 3 a 4 vezes mais chances de morrer. Esses cerca de 90 leitos de UTI que ainda temos é muito pouco para o que precisamos para atravessar os próximos meses.
Os outros leitos de UTI de paciente com doenças cardíacas, neurológicas, cirúrgicas, oncológicas, infecciosas, trauma, etc. também estão lotados e não temos leitos para remanejar.
Ainda não chegaram todos os pacientes graves com COVID que se infectaram no natal (demora em media 5 dias para se manifestar a doença e mais 10-12 dias para ficar muito grave e precisar de UTI) e nem começou a chegar os que se contaminaram em aglomerações da virada do ano. Precisamos agora ter tempo de melhorar e dar alta nesses pacientes internados para cuidar dos outros que virão. E isso demora.
E as equipes de terapia intensiva estão exaustas, trabalhando há muitos meses no limite de suas forças e sem descanso adequado.
Precisamos retardar rapidamente a velocidade de transmissão da doença em Belo Horizonte. Todos estamos vendo os sinais de que a vacina vai demorar a chegar entre nós em volume suficiente para nos permitir vacinar muitos milhões de pessoas e ver o número de doentes graves cair com se espera.
Até lá, precisamos mesmo aumentar o isolamento social (as custas de todo o incômodo e prejuízo que já conhecemos) e convencer aquela parcela da população que vem se recusando a ajudar da importância de aprofundar e manter por mais alguns meses os cuidados com o distanciamento de dois metros das outras pessoas, no uso correto de máscara, na higiene das mãos repetida ao longo do dia, de não participar de eventos com aglomerações, de manter os ambientes internos bem ventilados e preferir encontrar outras pessoas em ambientes abertos e de se colocar imediatamente em quarentena/isolamento se tiver sintomas suspeitos.
Então, depende de cada um de nós fazer sua parte e cobrar que as pessoas próximas façam o mesmo.
Por favor, se cuidem mais e procurem pensar mais em como evitar que as pessoas próximas a você peguem a doença e a transmitam dentro da sua família.
Grupo Colaborativo de coordenadores de UTIs de Belo Horizonte- 7 de janeiro/2021