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    Projeto “O médico além do trabalho: um movimento pelo seu bem-estar”: Pesquisa sobre a qualidade de vida dos médicos mineiros é apresentada na Academia Mineira de Medicina

    Walneia Moreira, diretora de Saúde do Trabalhador do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, e coordenadora do Projeto “O médico além do trabalho: um movimento pelo seu bem-estar” participou, dia 28 de outubro, de um encontro virtual com representantes da Academia Mineira de Medicina. O objetivo do encontro foi apresentar os resultados preliminares da pesquisa “Qualidade de vida dos médicos em Minas Gerais” e discutir sobre a contribuição da Academia ao projeto.  

    A pesquisa faz parte do projeto “O médico além do trabalho: um movimento pelo seu bem-estar”, lançado em outubro do ano passado em parceria com a AMMG, CRM-MG e apoio da Academia. O estudo traz um perfil dos médicos mineiros, sua interação com o trabalho e percepção da qualidade de vida, com a finalidade de subsidiar o desenvolvimento de ações de promoção à saúde e de sensibilização para o tema.

    Ao iniciar a exposição, a coordenadora reforçou que a população médica precisa de ajuda, e que o envolvimento das entidades médicas é fundamental para mudar esse quadro e contribuir na construção de ações positivas para a categoria.

    Além de Walneia, participaram do evento outros representantes da equipe que está à frente do projeto como a também palestrante Fabíola Tatiana de Souza (AMIMT) e Ana Claudia de Queiroz (Conselheira Fiscal Sinmed-MG).

    Prestigiaram o encontro pela Academia Mineira de Medicina o presidente, Walter Antônio Pereira; o 1º vice-presidente, Emerson Fideles Campos; a secretária geral e professora da UFMG, Elizabeth Costas Dias, também integrante da equipe responsável pelo projeto; o conselheiro Fiscal Hudson Couto; e vários acadêmicos,  entre eles Luis Otávio Savassi e Geraldo Caldeira.

    Cenário é muito preocupante

    Ao iniciar a apresentação, a coordenadora Walneia trouxe dados impressionantes de um estudo realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Entre eles: a expectativa de vida de médicos (69.1 anos) e médicas (59,2%) é menor que a expectativa de vida da população geral, sendo que as médicas apresentam expectativa de vida 20 anos menor que a projeção nacional na atualidade, contrariando os estudos demográficos que mostram que as mulheres sempre viveram mais do que os homens.  

    Segundo ela, a literatura aponta índices elevados de quadros de depressão, ansiedade, alcoolismo, abuso de substancias psicoativas, estresse, Síndrome de Burnout e suicídio entre médicos e médicas – 3,5 casos em grupo de 10 mil médicos (na população geral 3,8 casos por 100 mil habitantes).  Na população geral o número de suicídios é cerca de quatro vezes maior entre os homens, porém, entre os médicos, as mulheres se suicidam mais.

     Walneia explica que o crescimento do adoecimento e do sofrimento mental entre médicos e médicas, em todas as faixas etárias, tem mostrado diferenças apenas quanto à motivação e o perfil do diagnóstico, observando-se nível de estresse maior nos profissionais com tempo de formação inferior a cinco anos, possivelmente relacionado à instabilidade e insegurança profissional.

    São apontados pela literatura, como causas do maior do adoecimento do trabalhador médico e da redução de sua expectativa de vida: condições de trabalho inadequadas; múltiplos vínculos;  longas jornadas; intensificação e precarização dos contratos de trabalho e redução da remuneração médica, acentuadamente nos últimos anos; carga de responsabilidade inerente à profissão e a incorporação maciça de sobrecarga de trabalho e tecnologias nem sempre disponíveis para a prática do  médico.

    Em seguida, a médica Fabíola Tatiana de Souza (AMIMT) apresentou o resultado da pesquisa, realizadentre out/2019 e jan/2020. A mostra final foi constituída de 1. 281 médicos, com o seguinte perfil: média de idade 43,7 anos;  predomínio de mulheres, tempo de experiência de 18,9 anos; 12,4% cursando residência médica, sendo que, entre esses,  32,7% cursavam o primeiro ano de treinamento.  

    Alguns dados chamaram a atenção dos presentes como: 30% da mostra está insatisfação com a profissão; média de 2,56 empregos por profissional; 66,4% afirmaram se sentir sobrecarregados; 12,9% informaram não possuir nenhum dia livre na semana e 27,8%  possuem apenas um dia de folga, 78% deseja mais socialização. No perfil de saúde física e mental, foram preocupantes os dados sobre ansiedade – 42,7% e depressão – 30,3%. Apesar desses números, 38,1% dos entrevistados não fazem acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, mas acreditam que deveriam iniciar algum tipo de tratamento.

    Nas considerações finais, a médica Fabíola destacou que os achados corroboram com a literatura e a necessidade das entidades desenvolverem ações em torno do tema, visando o bem estar e a qualidade de vida da categoria.

    Academia mostra-se solidária e reconhece que categoria está adoecendo

    Após a apresentação das palestras, houve várias manifestações de apoio e elogios ao trabalho. A professora Elizabeth Dias ressaltou a iniciativa das entidades médicas para melhorar a qualidade de vida do médico, e sua satisfação em fazer parte do grupo: “Quero destacar que não podemos perder essa oportunidade, esse material que temos em mãos é histórico, é uma marca, e é fruto de um intenso processo de busca e reconhecimento dos colegas, já que a primeira reação do médico é negar esses problemas”.

    O acadêmico Geraldo Caldeira também se manifestou dizendo que já fez parte de vários estudos sobre burnout e que muito pouco tem sido feito para melhorar essa situação. E deixou um recado importante: um dos principais fatores do burnout é o médico não ter seu trabalho reconhecido e, nesse contexto, é fundamental melhorar a relação médico-paciente”.

    O 1 º vice-presidente, Emerson Fideles agradeceu a apresentação,  reforçando que  a AMM tem grande interesse no bem-estar médico: “A profissão está em dificuldade, precisa se melhorada. Todos os dias vemos situações absurdas em relação às condições de trabalho e honorários;  o sacrifício e o reconhecimento do trabalho médico não estão ocorrendo de forma adequada. Contem conosco para ajudar a mudar essa situação”. O presidente da Academia, Walter Pereira, elogiou a iniciativa, “um trabalho difícil de ser realizado e implementado. Estão todos de parabéns”.