Envio de denunciaPreencha o formulário abaixo para enviar sua denuncia. |
Como é completar 50 anos de história, uma data tão emblemática, em meio a uma pandemia como essa?
2020 representa um novo marco na história da entidade. Sem dúvida, é algo muito marcante para todos nós completar 50 anos de existência em meio a uma pandemia, quando a Medicina e a humanidade vivem um momento sui generes. A caminhada até aqui é um orgulho para todos, uma data a ser comemorada, mas, ao mesmo tempo, sabemos que os desafios serão ainda maiores.
Como o Sinmed-MG está enfrentando o momento atual e se preparando para os novos tempos?
A pandemia está exigindo do sindicato esforços ainda maiores para dar segurança à categoria e a continuidade do trabalho médico. Estamos acompanhando todas as movimentações políticas, trabalhistas e relacionadas ao combate à pandemia. O eixo comum que une a diretoria do sindicato é a defesa do trabalho médico, independentemente da vinculação partidária, e, assim, tem sido também agora. Temos nos posicionado de forma crítica quando é necessário, mas buscando sempre independência, democracia, parâmetros técnico-científicos, equilíbrio e representatividade.
Como será a “cara” do Sinmed-MG pós-pandemia?
Entendemos que, assim como toda a sociedade, o sindicato e a comunidade médica não serão mais os mesmos depois da pandemia, que deixará aprendizados e reflexões importantes. Será necessário um novo olhar, o que envolve uma visão mais humanizada de todos – médicos, gestores e sociedade em geral. Mas o objetivo continuará sendo o mesmo: promover ações para defender o trabalho médico e oferecer melhores condições de saúde para a população.
O que o sr. acha que mudará na forma de fazer sindicalismo e na própria visão do Sinmed-MG sobre isso?
Não só os sindicatos, mas todas as entidades, serão mais fortes e seguirão em frente se conseguirem mostrar que estão mais próximos do seu público, no caso os médicos, fazendo a diferença na vida de cada um deles. Então, entendo que o sindicato e o próprio movimento sindical será rejuvenescido e acredito que a pandemia vai nos unir mais.
Como o sr. vê o enfrentamento da pandemia pela sociedade e governantes?
É importante que a categoria, assim como a sociedade, entenda que não estamos preparados para grandes crises. Se houvesse planejamento para momentos como agora, muita coisa poderia ser feita de forma mais otimizada, economia de recursos e menos sofrimento. Isso, eventualmente, aconteceu em alguns poucos lugares, mas em muitos ainda enfrentamos problemas de má gestão com um impacto negativo tanto na qualidade do serviço que é prestado quanto nos resultados.
Qual o futuro da profissão após essa pandemia? Acredita que a valorização da profissão que está ocorrendo hoje vai continuar?
Nossa profissão de médicos, assim como dos outros profissionais de saúde, está em destaque nesse momento. Acho que a valorização depois que a epidemia passar vai depender de continuarmos ou não nos mantendo como referência para a sociedade. Devemos procurar ser o farol que orienta a sociedade, sempre embasados por conhecimento técnico-científico, evitando a disputa política e a politização.
Valorização e reconhecimento são importantes, mas como isso pode se reverter em melhores condições de trabalho e remuneração?
Ficou claro para os governos a importância dos profissionais de saúde A valorização dos médicos é uma luta antiga do sindicato e a situação atual trouxe à tona a grande falta de planejamento em relação à saúde e seus profissionais. Reforço que é preciso investir na capacitação dos recursos humanos, infra-estrutura, condições de trabalho, equipamentos e medicamentos e uma remuneração justa. São necessários 10 anos para formar um emergencista, por exemplo. Hoje, o que vemos são profissionais considerados descartáveis, com o fim dos concursos públicos, quando o ideal seria oferecer condições para que o médico possa se fixar e estabilizar em um local. São medidas necessárias para que consigamos ter, no futuro, profissionais aptos para situações como a de agora. Espero que as dificuldades que os gestores enfrentam nesse momento sirvam de alerta e motivação para mais investimentos e valorização na saúde.
Como o sr. vê o futuro da saúde tanto pública como privada pós-pandemia?
É otimista em relação à construção de políticas mais assertivas e que realmente
priorizem o bem-estar da população e valorizem quem está à frente da saúde?
Em relação ao futuro da saúde pública e privada, entendo que se a gente não se mobilizar, não mantiver a coesão, nada vai mudar em relação a antes. Acho que só vai acontecer uma mudança se a sociedade entender que ela precisa cobrar essas políticas públicas. Tanto o setor privado como o público não darão nada de graça. O que acontece hoje tende a ser esquecido. Essa não é a primeira e nem será a última pandemia. Então, é preciso ter consciência de que os investimentos e um planejamento adequado precisam ser feito antes das crises. Por isso, as entidades médicas, a categoria médica, a sociedade como um todo têm que se posicionar, agora durante a crise, mas principalmente quando ela terminar não se deixando aquietar.
Qual a sua expectativa diante do cenário descrito acima?
Que a gente aprenda com tudo o que aconteceu e que, não se esquecendo disso, possamos efetivamente traçar, planejar, formular políticas e estratégias que sejam de estado e não de governo. O cenário que gostaríamos é de busca na garantia da qualificação do corpo clínico médico, na melhoria da infra-estrutura para que os profissionais possam trabalhar e, claro, sendo remunerado de maneira adequada e justa.
Como o sr. resumiria a atuação do Sinmed-MG nestes 50 anos e sua
importância para a categoria?
O sindicato tem sua história pautada na defesa da categoria e da saúde como um todo, visando ao bem-estar tanto dos profissionais quanto da sociedade. As principais lutas sempre foram por melhores condições de trabalho, remuneração digna, fim dos vínculos precários, respeito aos direitos dos profissionais, e planos de cargos, carreira e vencimentos, entre outras. Entendo que a luta pela qualidade da Medicina representa a luta por uma sociedade mais saudável.
Poderia citar alguns momentos marcantes na trajetória de luta do
Sinmed-MG?
O sindicato teve grande participação na história da Medicina nos
últimos 50 anos. Fundado na época da ditadura militar, esteve presente em todas
as grandes lutas como a reforma sanitária, o apelo pelas Diretas Já, o
financiamento adequado da saúde, a qualidade das escolas médicas e, mais recentemente,
a valorização da revalidação do diploma.
O Sinmed-MG passou por muitas transformações. Como o sr. avalia a atuação do sindicato hoje?
O Sinmed-MG vivenciou desde sua inauguração uma série de mudanças e transformações nos cenários políticos, social, econômico, trabalhista etc. Por isso, a necessidade de se reinventar, reconfigurar suas ações em função das demandas da categoria médica num determinado cenário. Isso, sem perder a visão de horizonte, em que o foco é uma Medicina que seja adequada para todos.
Nos últimos anos houve uma aproximação maior com a categoria, cada vez mais na certeza de que somos o sindicato de todos os médicos, independentemente de ideologia política, ou do médico trabalhar no serviço público ou privado, querendo levar a cada profissional um trabalho que justifique acreditar na entidade e traga a certeza de que estamos a seu lado e pode contar com a gente.
O que o sr. destacaria em relação aos novos serviços implantados pelo
Sinmed-MG na sua gestão?
Nosso portfólio de serviços passou por uma grande mudança em 2019, buscando se adequar aos novos tempos. Um exemplo é o incremento da parceria com escritórios de advocacia que façam a defesa integral do médico em todas as instâncias, inclusive dentro do Conselho Regional de Medicina. O atendimento jurídico também acontece nas áreas do Direito Previdenciário, Administrativo, do Trabalho e Empresarial, e já contabilizamos inúmeras vitórias a favor do médico.
Também contamos com parceiros para prestar assessoria de comunicação aos nossos filiados, na área de assessoria de imprensa, elaboração de publicações e criação e produção de conteúdo para as redes sociais, site e blog. Atuamos, ainda, por meio de parceria, na área de assessoria contábil, o que inclui serviços que vão desde planejamento tributário a disponibilização de software para consultório digital.
Na luta por melhores condições de trabalho e remuneração, fortalecemos o nosso departamento de Campanhas. Por ano, são centenas de reuniões e assembleias com os médicos, reuniões com gestores e participação em comissões e representações institucionais, como os Conselhos de Saúde, além de seminários realizados.
Ressalto também o trabalho do sindicato junto aos acadêmicos de Medicina, com a promoção de cursos e atividades para levar informações sobre o trabalho médica e a ética na profissão, sempre no sentido de contribuir para a formação dos futuros médicos.
Valorizamos a comunicação com a categoria, levando informação de qualidade e imparcial, por meio de publicações diárias em nossas mídias e boletins semanais, como agora com o Especial Sinmed-MG COVID-19 ou mensais. O sindicato também tem intensificado sua presença na mídia, levando a voz do médico mineiro não só para o Estado, mas para todo o país, com a veiculação de diversas reportagens em âmbito nacional.
Por fim, destaco, a aquisição e reforma da nova sede, concluída em 2017, na Av. do Contorno – 4.999, com toda a infraestrutura para atender os médicos, inclusive um moderno centro de eventos.
Que mensagem o sr. gostaria de deixar para os médicos mineiros?
Colega médico, o sindicato esteve, está e sempre estará ao seu
lado, cumprindo sua missão de defender uma Medicina de qualidade e a nossa
profissão, uma das mais belas. O trabalho de nossa entidade é lutar sempre
por melhores condições de trabalho e uma remuneração justa para toda a
categoria. Agradeço a todos que participaram da nossa trajetória de 50 anos.
Juntos, seremos cada vez mais fortes.