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    Entrevista: diretor do Sinmed-MG fala sobre teleconsulta durante a pandemia

    24 de julho/2020—— Artur Oliveira Mendes, diretor de Defesa Profissional do Sinmed-MG e médico de família e comunidade na PBH e Unimed-BH,  fala sobre sua experiência com a teleconsulta durante a pandemia, benefícios, dificuldades e desafios de hoje e futuros.

    Desde quando o sr. está atendendo virtualmente?  Como foi esse processo na PBH e na Unimed?

    O teleatendimento começou na Unimed, para pacientes com quadro suspeito da COVID-19, e depois foi liberado para os outros cooperados. Participei tanto desse processo de atendimento ao coronavírus, que ainda faço, quanto do atendimento de pacientes já conhecidos. Na Prefeitura de BH, apenas no último mês vieram as orientações sobre o monitoramento dos pacientes por teleconsulta.

    Quais o sr.  considera os principais benefícios da teleconsulta?

    Como benefícios destaco a comodidade e o fator proteção.  Comodidade do paciente ser avaliado e monitorado, estando em casa. Proteção, porque evita deslocamentos e aglomerações. E, como médico tanto da Prefeitura como da Unimed-BH, a teleconsulta representa a oportunidade de continuar oferecendo o serviço de saúde para essas pessoas.

    E os principais problemas/dificuldades?

    A dificuldade é termos que contar com percepções verbalizadas pelos pacientes, que nem sempre correspondem à realidade. Por exemplo, a pessoa fala que está com febre e nem fez a medição. No caso de uma queixa de dificuldade respiratória, também fica difícil avaliar a real situação sem um exame presencial, e isso acaba trazendo uma dificuldade a mais para os médicos. Lembro também que estamos num país onde nem todos têm acesso ao computador ou não sabem como acessá-lo, principalmente os mais velhos.

    Quando o sr. acha que o paciente deve buscar atendimento por essa modalidade? Qual o encaminhamento que é dado após a teleconsulta?

    O momento oportuno é quando as pessoas precisam sanar alguma dúvida. A teleconsulta não substitui a consulta presencial, mas é uma ferramenta a mais para a gestão do cuidado. Por exemplo, tive caso de pacientes que precisavam ajustar a receita, mudar um medicamento, pessoas já conhecidas. Então, em cima disso, você pode gerar tanto uma nova prescrição médica, pedir uma consulta presencial ou encaminhar o paciente ao serviço de urgência. Contudo, na maior parte das vezes a gente consegue evitar esse tipo de deslocamento.

    Como o sr. percebe os impactos, positivos e negativos, da teleconsulta para o sistema de saúde nesse momento de pandemia?

     Tanto no serviço público como no serviço privado os pontos positivos dizem respeito à possibilidade de alcançar as pessoas que estavam, de certa forma, negligenciando com seus cuidados ou estavam reclusas. Refiro-me principalmente aos pacientes de grupos de risco. A teleconsulta possibilita algum tipo de coordenação e compreender necessidades mais urgentes, o que vejo como um grande ganho nesta história. Outro ganho é uma redução considerável dos custos de deslocamento tanto do paciente como do profissional; e redução de custos com exames, muitas vezes solicitados desnecessariamente. Assim como eu falo em excessos, pode ocorrer o contrário: sem o exame físico podemos acabar relativizando as queixas que o paciente traz. Insisto que o teleatendimento não é um substituto da consulta presencial e sim uma ferramenta para ajudar nos processos de coordenação dos cuidados e orientação. Mas, em caso de dúvidas, esse paciente precisa, sim,  ser ouvido presencialmente.

     A pandemia obrigou o Conselho Federal de Medicina a adiantar os trâmites para liberação da teleconsulta. Na sua opinião, essa foi uma conduta acertada? Ainda existem riscos para o médico que presta atendimento nessa modalidade?

    A teleconsulta veio para ficar, não temos dúvida disso. Na verdade, já existiam pareceres do CFM, o último de 2018, a respeito dessa modalidade de cuidado. O que precisa ser discutido neste momento não é a liberação, mas a formatação e orientações mais específicas sobre o que é mais adequado em termos de segurança para o paciente e para o profissional. Isso já vem sendo trabalhado pelos conselhos de medicina, o que considero acertado. Este é o momento de refinar a estratégia para que não venhamos a pecar por condutas que tragam mais danos que benefícios aos pacientes e aos próprios médicos.