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    Hospitais Júlia Kubstichek e Eduardo de Menezes correm sério risco de terem leitos de CTI fechados por falta de profissionais.

    Desvalorizados, mal remunerados e sem estrutura, médicos estão no limite.

    Publicado em 14 de fevereiro/2022.

    Os hospitais Julia Kubitschek e Eduardo de Menezes, da Rede Fhemig, referência no atendimento a casos de Covid, correm sério risco de ter os leitos de CTI fechados por falta de profissionais. No Eduardo de Menezes, a direção já foi comunicada que 20 leitos irão fechar. No Julia, acredita-se que metade dos 28 leitos também sejam desativados pela falta de médicos.  A equipe que planeja deixar os hospitais representará uma perda irrecuperável, por se tratar de profissionais contratados que lidaram até hoje com a pandemia ganhando um know-how que poucos possuem.

    Os hospitais já ressentem da falta de equipes completas de trabalho e o novo cenário vai impactar ainda mais a assistência. Em reunião realizada, dia 10 de fevereiro, pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, os profissionais dos dois hospitais disseram que a situação está insuportável tanto no aspecto financeiro como nas condições de trabalho.

    “Se nada for feito, vamos perder uma das melhores equipes de medicina extensiva que se formou de uma forma consistente dentro da pandemia, tanto no Julia como no Eduardo de Menezes”, afirmou o diretor de Mobilização do Sinmed-MG , Cristiano Maciel, durante a reunião realizada com os médicos das unidades no dia 10 de fevereiro, para tratar das demandas específicas dos hospitais.

    Entre os problemas apontados por eles estão:

    –  Esgotados após dois anos de enfrentamento da pandemia, uma luta que continua com a nova onda causada pela variante ômicron, os médicos perderam a Gratificação Transitória de Emergência em Saúde Pública (GTESP), vinculada ao decreto de calamidade pública que expirou em  31 de dezembro. O fim da vigência do decreto reduz os recursos disponíveis para financiar políticas de assistência social, ações emergenciais na saúde e no setor produtivo que estavam atrelados ao fim desse prazo.

    – Os médicos do Estado estão sem reajuste desde 2014, representando  um déficit salarial de 51%, que se soma aos 5% com o aumento na alíquota da reforma da previdência (era de 11% e passou para 16%).O salário da Fhemig hoje é o pior do mercado.

    –  Déficit nas escalas – hoje são mais de 300 vagas a serem preenchidas, segundo a própria Fhemig.

     – Tanto o Júlia como o Eduardo de Menezes vêm enfrentando graves problemas de infraestrutura: “Estamos trabalhando há dois anos sem bloco cirúrgico e o  tomógrafo, fundamental nos diagnósticos,  estragou com  perspectiva de consertar só daqui a três meses”, denunciou um médico do Júlia.

    – Desmembramento da equipe para atender o chamado complexo de especialidades criado pelo Governo (equipe precisa atender dois diferentes hospitais).

    Depoimentos  de  médicos presentes à reunião descreveram de forma sensível a situação. Um deles desabafou: “Estamos vivendo uma situação limite. Agora, além das péssimas  condições péssimas, a condição salarial  ficou pior ainda. Nós, que somos contrato administrativo, nem sabemos quando o contrato será renovado e em que condições”, e continuou: “Somos uma equipe coesa, que dá o melhor pela instituição, mas também queremos a valorização profissional. O objetivo não é ganhar mais, mas equiparar ao mercado. Ganhar pouco, trabalhar muito, onde vamos parar? O hospital está perdendo profissionais, a coisa vai se afunilando. A rede Fhemig não olha para a gente que está lutando lá, não olha com carinho. Mas chega um momento que isso cansa”, disse.

    Outro médico presente resumiu: “ Não é só salário, são as duas coisas, estamos colocando a vida do paciente em risco, nosso CRM em risco, não é justo trabalhar dessa forma, a qualidade do trabalho está péssima, uma coisa não elimina a outra”.

    Em outro depoimento comovente,  o profissional do Júlia afirmou: “Estamos lutando pelo coletivo,  pela valorização dos médicos, mas principalmente por nossos pacientes, e pelo fortalecimento do serviço”.

    Respondendo aos médicos, os diretores presentes Cristiano Maciel e Ariete Araújo explicaram que o Sinmed-MG  pleiteou por meio de notificação e reuniões com os gestores que a GTESP  fosse estendida, principalmente agora com a terceira onda, manifestando grande preocupação com a saída dos profissionais que já ganhavam mal e agora perderam essa gratificação.   Segundo Maciel, só no Hospital Infantil João Paulo II  hoje são apenas 18 contratos extras dos 45 que existiam, necessitando intervenção do sindicato para nova autorizações.

    Diante do exposto,  conforme consta da notificação enviada à Fhemig e Estado, o Sinmed-MG considera como medida adequada e efetiva  a convocação de todos os médicos aprovados no último concurso público da Fhemig (Edital 01/2016), haja vista que ainda se encontra no prazo de validade diante da sua prorrogação até 10.03.2021 e suspensão dos prazos de validade do concurso pela Lei 173/2020, bem como a adequação na remuneração dos servidores, inclusive para que haja maior viabilidade de contratação de novos profissionais. Lembra, no entanto, a importância da criação de estímulos, mesmo que emergenciais e transitórios para diminuir a  defasagem salarial que somada às condições de trabalho, muitas vezes inadequadas e precárias,  desestimulam os profissionais a assumirem carga horária adicional com exposição a alto risco biológico.

    Entre as deliberações da reunião, estão o envio de um ofício para a Fhemig alertando principalmente sobre o impacto na assistência com o risco eminente, no meio de uma pandemia, de fechamento de  leitos de CTI do Eduardo de Menezes e no Julia Kubistchek  devido à falta de profissionais; convocar médicos dos outros hospitais da rede para uma reunião com o sindicato, para levantar a pauta específica; e marcar uma Assembleia Geral Extraordinária convocando todos os médicos do Estado e Fhemig para uma ação conjunta, para avaliar os próximos passos do movimento.