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    José Augusto Ferreira, diretor de Provimento de Saúde da Unimed-BH: “Assistência à saúde nunca mais será a mesma”

    Em entrevista ao Boletim COVID-19/Sinmed-MG, o diretor de Provimento de Saúde da Unimed-BH, José Augusto Ferreira, fala da situação da pandemia sobre o ponto de vista da saúde suplementar e lições aprendidas com esse novo cenário.

    Publicado em 14 de Janeiro de 2021.

    Como diretor de Provimento de Saúde da Unimed-BH, maior prestadora de serviços de saúde suplementar da região metropolitana, como o sr. avalia o momento atual da pandemia?

    Os números atuais na região metropolitana são preocupantes. Temos observado nas últimas oito semanas um crescimento contínuo do número de casos, de internações em geral e internações em CTI. Neste momento, estamos com aproximadamente 500 pacientes internados na rede própria e credenciada, o maior número desde o inicio da pandemia, inclusive superior aos números da última semana de julho, a semana mais grave até então. Assistimos, também,  a um crescimento da positividade dos exames e no número de casos nas faixas etárias mais jovens. Nos últimos dias, tivemos momentos em que a taxa de ocupação nos hospitais próprios e privados  para atendimento de Covid chegou a 100%.

    Qual a estrutura da Unimed para o atendimento à Covid?

    A estrutura está dividida em ambulatorial e hospitalar.  Na parte ambulatorial, disponibilizamos o atendimento em consultório do nosso contingente de 5.400 médicos cooperados; unidades ambulatoriais que atendem todos os dias da semana, inclusive sábado e domingo; e atendimento online, com cerca de 2 mil consultas/dia. Contamos, ainda, com uma estrutura laboratorial para a realização dos testes, entregues em menos de 24 horas.

    Já na estrutura hospitalar, temos na capital o hospital da Av. do Contorno; uma unidade de internação para adultos no Hospital são Camilo (aberta recentemente); e um andar para internação de pacientes com Covid no Centro de Promoção da Saúde da av. Avenida Dom Pedro I. Contamos também com unidades de internação em Betim e CTI no hospital do município.

    Além disso, temos feito uma articulação contínua com a rede credenciada para reserva de leitos, auxiliando na adequação necessária para esse atendimento, em termos de insumos e equipamentos.

    O sr. acredita que possa haver um colapso no sistema de saúde privada/planos de saúde?

    Não acredito num colapso no sistema de saúde privada na região metropolitana de Belo Horizonte exatamente porque está havendo uma sintonia e uma articulação muito produtiva entre o setor privado e o setor público, seja Prefeitura ou Estado. Um exemplo é o fato da Prefeitura levar também em consideração os números da saúde privada na decisão sobre medidas de isolamento.

    Nós temos aprendido que essa doença é multifacetária. Numa  primeira onda, tivemos a contaminação de pessoas de nível econômico mais baixo, sobrecarregando o sistema público. Neste momento, o aumento de casos e internações de pessoas de maior poder aquisitivo está refletindo e sobrecarregando o sistema privado.

    Então, se não houver essa articulação, essa sintonia, podem ocorrer ações dissonantes. Entendemos que a pandemia deve ser enfrentada de forma conjunta, coletiva, para que possamos ter o melhor resultado. Atribuo a essa sintonia, Belo Horizonte ter se destacado positivamente no enfrentamento à pandemia, não só em termos de mortalidade, mas também de infectados e internados.

    Estamos preparando agora um novo momento de enfrentamento que é a vacinação. Também aqui, a rede privada vai se articular com a rede pública para vacinar o maior contingente possível de pessoas e de forma mais rápida, e frear o avanço da pandemia.  

    Quantos são os médicos cooperados e quais medidas estão sendo tomadas para ajudá-los a enfrentar esse momento tão difícil?

    Temos hoje na Unimed-BH 5.400 médicos cooperados. Desde o primeiro momento entendemos que era necessário dar todo o arcabouço de proteção e de sustentação para esses médicos. Uma das ações foi garantir, já no início da pandemia, uma renda média desse cooperado, exatamente porque houve um descréscimo no atendimento ambulatorial e de internações. Fizemos, também, adequações na nossa tabela de honorários, possibilitando recursos para o cooperado adquirir EPIs  para si e para seu grupo de trabalho, nos consultórios ou nas clínicas. Garantimos ao médico afastado por Covid uma renda. Estamos capacitando todos os nossos colaboradores e disponibilizando assistência psicológica de forma a oferecer todas as ferramentas e  subsídios para que nossos cooperados passem por essa fase da maneira menos traumática possível.

    Quais as principais lições aprendidas pela Unimed com a pandemia?

    Ainda em março, chegamos à conclusão que aprenderíamos muito com essa pandemia, aprendizados que dividimos com vocês. O primeiro foi que com a necessidade de evitar hospitais e consultórios, ficou claro para toda a sociedade, a importância de ter um médico vinculado com seu telefone, e-mail. Isso facilitou muito o atendimento dos casos suspeitos e, principalmente, a condução dos pacientes crônicos que não puderam naquele momento visitar o seu médico.

    Aprendemos que o pronto socorro não é o melhor local para se procurar no caso de uma pequena urgência, por ser um local de risco, ainda mais agora. A pessoa chega com uma dor de cabeça e pode sair com Covid.  Isso mostrou a necessidade de oferecer para  a população outras alternativas de atendimento. Entre elas, a consulta à distância, que está funcionando muito bem e veio para ficar. A Unimed-BH já fez, até agora, cerca de 200 mil atendimentos online com mais de 90% de satisfação.

    Aprendemos também que, nós médicos,  podemos ser resolutivos mesmo sem a presença física. Nesse período tivemos uma queda de 30% nas internações por infecções urinárias, internações pulmonares e outras, ou seja, o que a gente chama de  condições sensíveis à atenção primária. Isso mostra que o médico, mesmo à distância, pode orientar o paciente de forma muito resolutiva, sem que ele precise ir ao hospital.

    Também constatamos que as pessoas passaram a dar mais importância a ter um plano de saúde. Esse já era um item de desejo para a população, e agora se tornou um item de segurança. Acreditamos que haverá uma busca maior pela aquisição de planos de saúde no futuro.

    A pandemia está nos ensinando que existem outras formas de se atingir a melhor assistência para as pessoas.  A área da saúde sempre foi considerada lenta na tomada de decisões. A pandemia nos forçou  a tomar decisões de forma mais rápida, exatamente porque o inimigo comum, que é o vírus, não nos deu tempo de fazer longos estudos e planejamento sobre qual decisão tomar. Tivemos que agir rápido e com as ferramentas que tínhamos.   Em resumo, acredito que, após a pandemia, a assistência à saúde no Brasil, tanto no setor público como privado, vai mudar muito e para melhor.  Se tem algo bom na pandemia, certamente é o aprendizado que é possível entregar uma assistência à saúde para a população de forma mais organizada  e com melhor resultado.