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Publicado em 19 de maio/2021.
O Sinmed-MG tem recebido várias denúncias sobre atrasos nos repasses dos honorários médicos para serem faturados pelas cooperativas, especialmente em relação ao Grupo Promed, acarretando grandes prejuízos. Eles relatam haver valores devidos ao médico que ultrapassam R$150 mil. Uma situação que já persiste há muito tempo, mas que se tornou ainda pior com a pandemia. As cooperativas também sofrem as consequências da redução dos atendimentos eletivos. A situação se torna ainda mais preocupante e incerta diante da nova realidade da fusão de algumas operadoras de saúde.
Mercedes Zucheratto, diretora de Saúde Suplementar do Sinmed-MG, explica que a saúde suplementar é uma frente de luta importante: “O sindicato está presente em todas as instâncias de trabalho, seja saúde suplementar, pública, clínicas, consultórios. A nossa atuação é sempre no sentido da defesa e valorização do trabalho médico e a saúde suplementar é um grande empregador ”.
Ela conta que participa da Comissão Estadual de Honorários Médicos, uma iniciativa da Associação Médica de Minas Gerais, composta também por representantes do Conselho Regional de Medicina, Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom) e Sinmed-MG. Participa também de reuniões das cooperativas junto à Fencom, acompanhando de perto a situação da remuneração médica pelos planos e operadoras de saúde.
Mercedes está sentindo na própria pele a inadimplência da Promed, visto que é pediatra na Maternidade Otaviano Neves. São seis meses sem receber os honorários. Além das cooperativas, as reclamações estão chegando ao sindicato por meio dos próprios médicos que atendem Promed via cooperativa. Assim como acontece na saúde pública, a atuação do sindicato é no sentido de pressionar as operadoras de saúde para o pagamento em dia.
ENTREVISTA GINECOOP
Em entrevista ao Sinmed-MG, Luiz Fernando Neves Ribeiro, novo presidente da Ginecoop – Cooperativa Médica de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (2021/2024), com cerca de 500 cooperados, fala sobre a situação dos atrasos dos pagamentos pelas operadoras de saúde e expectativas das cooperativas frente às mudanças de mercado.
A Ginecoop se enquadra no rol de cooperativas que estão recebendo os honorários a serem repassados aos médicos com atraso, principalmente em relação ao Grupo Promed?
Sim, temos cooperados com valor a receber superior a R$150 mil. O Grupo Promed sempre deixava em torno de duas faturas em atraso, mas acabava pagando. Desde janeiro último ( relativo às contas de novembro) não pagou mais.
Várias cooperativas faturam procedimentos médicos de clientes da Promed. Ela é uma operadora grande aqui em Belo Horizonte, só que está concentrada em alguns hospitais como a Maternidade Otaviano Neves, então a dívida com a Ginecoop é muito significativa. A bola da vez agora é a Promed, mas isso não é exceção do mercado. Sempre tivemos problemas de inadimplência em relação a outras operadoras de saúde.
· Quais os motivos alegados pelo Grupo Promed para esses atrasos e que prejuízos têm trazido aos médicos e à cooperativa?
Eles falam que estão numa situação financeira muito difícil e que, por isso, não podem honrar seus compromissos. Conversamos com a operadora dizendo que os médicos estavam querendo suspender os atendimentos eletivos, quitaram uma parcela e não fizeram mais nada. Agora querem obrigar as cooperativas e os médicos a aderirem à plataforma financeira Dr. Pay para receberem os honorários, dizendo que com isso pagarão em dia. Particularmente, tenho dúvidas: se eles nunca cumpriram com os prazos, por que seria diferente com uma empresa financeira?
· A situação piorou com a pandemia?
Não podemos falar que a culpa é só da pandemia. Eles sempre atrasaram, a partir de janeiro deste ano a situação ficou mais crítica.
· O que a Ginecoop está pensando em fazer para resolver essa situação?
Chamamos os colegas para ouvir a opinião deles, sobre o que fazer: entrar na justiça ou aderir à plataforma Dr. Pay? A conclusão foi fazer adesão à plataforma, mas as cooperativas que já aderiram têm feito questionamentos e estamos esperando para ver como as coisas vão evoluir.
· De que forma a pandemia está afetando as cooperativas médicas?
Várias cooperativas tiveram diminuição do faturamento, porque os procedimentos eletivos foram suspensos. Felizmente, esse não foi o caso da Ginecoop. Tivemos inclusive um aumento de faturamento, porque a Maternidade Otaviano Neves continuou seus atendimentos, recebendo inclusive gestantes que iriam para outros hospitais. Obstetrícia é quase como uma urgência.
· Como o sr. avalia o cenário das cooperativas médicas, especialmente em Belo Horizonte?
Em curto espaço de tempo, desde meados do ano passado, o mercado de trabalho médico em Belo Horizonte vem sofrendo mudanças significativas. A compra da Promed/Saúde e Premium Saúde pela Hapvida; a compra da Vitallis pela Intermédica; a recente fusão da Hapvida / Intermédica e a compra dos hospitais Life Center, Vera Cruz, Vila da Serra e Biocor (esse pela Rede D`Or ) e o IPO do Mater Dei criam um mercado de incertezas para a operação das cooperativas de trabalho médico. Uma boa notícia é a abertura da SCCooper no recém-inaugurado Orizonti, hospital vinculado ao grupo Oncomed. Durante o avanço da pandemia da Covid-19 no ano passado, o Brasil registrou 60 operações de fusões e aquisições no mercado de saúde.
· Quais são seus principais planos como presidente da Ginecoop?
Garantir reajustes, melhor renda e pagamentos em dia para nossos cooperados, embora saibamos que o cenário ficou ainda pior com a pandemia. A ANS provavelmente irá ajustar os planos individuais, e as operadoras acabam repassando isso para os cooperados. Nosso trabalho será sempre pela valorização dos profissionais da saúde suplementar.