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3 de junho/2020——–A atualidade do tema e as muitas dúvidas que afligem os médicos em relação ao atendimento em consultórios e clínicas em tempos de pandemia levou mais de 150 médicos a se inscrevessem para assistir, via Youtube, dia 1 de junho, o simpósio ”Atendimento Médico em Consultórios e Clínicas em Tempos da Covid-19“.
Com 2h30 de duração, o evento foi mais uma iniciativa do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais para orientar e apoiar a categoria neste momento tão cheio de desafios. Para participar do simpósio, os médicos receberam um link após inscrição prévia pelo WhatsApp (31) 99302-0097. Ao final do evento houve espaço para perguntas, respondidas pelos cinco palestrantes.
Fernando Mendonça, diretor-presidente do Sinmed-MG, abriu o simpósio destacando o objetivo de orientar o médico neste momento de grave crise com a pandemia, em que todos estão tão expostos: “Estamos aqui para ajudar o médico a enfrentar os vários problemas relacionados a equipamentos de proteção individual, remuneração, telemedicina etc. Quando a epidemia acabar, outros problemas se somarão. Não podemos perder a chance de nos unirmos ainda mais na busca pela valorização da nossa profissão”, afirmou.
TEMAS ABORDADOS
“AS CONSULTAS MÉDICAS EM TEMPO DE PANDEMIA DA COVID-19” FOI O TEMA DA PALESTRA PROFERIDA POR JORDANI MACHADO, SECRETÁRIO-GERAL DO SINMED-MG.
O diretor iniciou lembrando que sociedade e médicos vivem momentos difíceis que levaram a uma mudança de hábitos e rotinas. “Fomos todos pegos de surpresa. E a pergunta é: como enfrentar essa pandemia?”
Machado abordou as diversas portarias e resoluções do Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Conselho Regional de Medicina e Anvisa sobre como deve ser o atendimento em tempos de pandemia nas diversas frentes como consultórios, clínicas de exames complementares e clínicas de especialidades. Uma delas foi a recomendação de 2 de abril/2020 do CFM para que fossem avaliadas a necessidade de suspensão ou não de atendimentos (consultas, procedimentos e cirurgias) eletivas , decisão endossada pelo CRM-MG.
O que fazer, posso atender, quem atender? Foram questões abordadas pelo diretor. Ao finalizar, Machado lembrou algumas das ações do sindicato em tempos de pandemia e a necessidade dos médicos cuidarem da saúde mental para superarem os desafios e poderem cumprir a sua missão: “Todos enfrentamos momentos de medo, de angústia, de solidão, muitas vezes por não podermos fazer o que deveríamos fazer. É uma situação que exige altruísmo, uma doação ainda maior do que em tempos normais. O que vai imperar no final das contas é a solidariedade”, resumiu.
“ADEQUAÇÃO DA ESTRUTURA DOS CONSULTÓRIOS E CLÍNICAS PARA PREVENIR CONTAMINAÇÃO” FOI O TEMA DA DIRETORA DE DELEGACIAS SINDICAIS E INTERIORIZAÇÃO DO SINMED-MG, ANDRÉA DONATO.
Andréa Donato iniciou sua exposição falando dos impactos financeiros da pandemia nos escritórios e clínicas, que além de precisarem adaptar sua estrutura – vendo seus custos “explodirem” – ainda enfrentam a falta de pacientes. Abordou também os impactos na assistência – “vimos, por diversas vezes, pacientes adiarem um diagnóstico, com receio de procurarem ajuda médica nos consultórios. Com isso, várias patologias complicaram levando a óbitos, sem falar dos danos imensuráveis causados a pacientes com câncer que tiveram seu diagnóstico ou tratamento retardado”.
Por outro lado, segundo ela, a demanda por atendimentos por telefone ou mídias sociais aumentou exponencialmente, pegando todos de surpresa – “corroborada pela necessidade de distanciamento social a telemedicina foi adotada às pressas, sem que entidades, governo, órgãos reguladores, pacientes e os próprios tomadores de serviço tivessem tempo de se preparar”.
Fazendo uma reflexão, a diretora diz acreditar que o consultório presencial não será descartado, mas que várias adaptações serão necessárias para um atendimento que seja seguro para o médico e pacientes: “É preciso repensar o consultório, do agendamento à pós-consulta. O momento é de adaptação e quanto menos resistirmos às mudanças mais felizes e preparados estaremos para exercer a atividade de médico com gosto”.
Ao final, a diretora deixou no ar importante pergunta: como manter o atendimento humanizado, fundamental na relação médico-paciente, nos tempos da COVID-19?
“USO DE FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS DURANTE A PANDEMIA” FOI O TEMA DO DIRETOR DE RELAÇÃO COM ACADÊMICOS DO SINMED-MG E CONSELHEIRO DO CRM-MG, FLÁVIO MENDONÇA.
Flávio Mendonça iniciou a apresentação lembrando que a COVID -19 trouxe a necessidade na mudança na assistência médica, visando contribuir com a prevenção da pandemia: “Nesse contexto de isolamento social, as ferramentas digitais, as novas tecnologias surgiram como a principal alternativa para manter o contato e a interação com nossos pacientes”.
Segundo o diretor, esse é um recurso válido e necessário neste momento, mas desde que sejam respeitados os preceitos do código de ética médica e os dispositivos legais, que são atualmente previstos.
Para informar os médicos, Flávio Mendonça apresentou um histórico e os principais marcos regulatórios relacionados à telemedicina, entre eles o Ofício 1976 /2020 que estabelece em caráter de excepcionalidade a possibilidade de utilização da telemedicina, telemonitoramento e teleconsulta.
Explicou, em detalhes, como os médicos podem usar as ferramentas digitais para atender os pacientes, respeitando os preceitos do código de ética medica. Entre eles: identificação dos pacientes, ambiente seguro e sigiloso, termo de consentimento livre e esclarecido, plataforma de comunicação audiovisual e de dados, registro de atendimento em prontuário médico e emissão e assinatura das receitas, atestados e exames complementares com certificação digital.
Em seguida, o diretor abordou a questão da remuneração médica, frisando que deve seguir os mesmos padrões normativos e éticos do atendimento presencial. Lembrando que, embora na forma atual a telemedicina seja uma medida de caráter excepcional e temporário, será necessário discuti-la no futuro: “Precisamos ficar bem atentos para não deixar o oportunismo tomar conta, sempre preservando a ética e a legalidade do atendimento. Essa discussão deve ficar nas mãos dos médicos e não de outros interesses”, alertou.
“EPIS RECOMENDADOS AOS MÉDICOS E FUNCIONÁRIOS DE CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS: QUANDO, QUAIS E COMO USAR” FOI O TEMA ABORDADO PELA DIRETORA DE SAÚDE DO TRABALHADOR DO SINMED-MG, WALNÉIA MOREIRA.
A diretora preparou um material minucioso e bastante útil sobre os Equipamentos de Proteção Individual usados em clínicas e consultórios nesses tempos da COVID, frisando que os equipamentos precisam do certificado de aprovação do Ministério da Economia para serem considerados legais: “Os que conferem proteção desejada, mas não possuem esse certificado de aprovação, são considerados similares de EPI”. Nesse aspecto, esclareceu que, segundo nota técnica da Anvisa, as máscaras de pano não são consideradas EPI ou similar, não podendo, portanto, serem utilizadas pelos profissionais de saúde e apoio.
Antes de abordar os tipos de EPIs, a diretora lembrou a regra número 1: se proteger como se todos os pacientes fossem casos suspeitos! Em seguida, citou vários tipos de situação e quais os EPIs necessários para cada uma delas: precauções padrão, exames físicos em pacientes com sintomas respiratórios e sem sintomas respiratórios, profissionais da recepção, da higiene e limpeza, entre outros.
Descreveu em detalhes os tipos de máscaras cirúrgicas e sua utilização, jalecos, óculos de proteção e protetor de face (face shield) luvas, capote/avental, gorro, esclarecendo várias dúvidas o tema. Por fim, falou sobre a importância do treinamento para utilização dos EPIs, cuidados na colocação e retirada dos equipamentos, como fazer o descarte e gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
“ADEQUAÇÕES DAS CONSULTAS E DOS PROCEDIMENTOS DURANTE AS MESMAS” FOI O TEMA DA PALESTRA DE ARTUR OLIVEIRA MENDES, DIRETOR DE DEFESA PROFISSIONAL DO SINMED-MG
Em sua exposição, o diretor Artur Mendes falou da importância de discutir o tema dos consultórios e procedimentos, pois “esse tipo de adequação, além de envolver questões éticas, trata de responsabilidade profissional para com o paciente”. Lembrou que o assunto vem sendo tratado em diversas normas e recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, entre outras, servindo de orientação para que os médicos saibam como agir.
Reforçou a importância dos médicos conhecerem e seguirem essas recomendações e cuidados, para evitar problemas até de responsabilidade legal, concessão de alvarás etc. Segundo ele, embora neste momento não exista ainda uma fiscalização ostensiva sobre os consultórios, a tendência é que esse controle passe a ser feito, pós-pandemia, seja por desejo do poder público ou denúncia de pacientes que se sintam em risco.
Posta essa realidade, o diretor abordou a questão da marcação e controle de agenda, aspectos como a rotina de confirmação de consultas, cuidados necessários para evitar, atendimento de grupos de risco, limpeza criteriosa do ambiente, uso dos equipamentos de proteção, adequação das receitas, entre outros critérios já divulgados e normatizados.