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Publicado em 28 de fevereiro/2024.
No dia 27 de fevereiro, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), representado pelo diretor de Mobilização Cristiano Túlio Maciel, participou de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir sobre a medida tomada pela Provedoria da Santa Casa de BH de destituir o diretor clínico do Hospital São Lucas, Carlos Henrique Diniz de Miranda, bem como do seu vice-diretor clínico, Francisco Eustáquio Valadares, em janeiro deste ano.
Além dele, participaram também representantes do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
As dispensas aconteceram um mês antes do mandato da diretoria clínica terminar e foi considerada ilegítima pelas associações representativas. A questão pautou audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (27/2/24).
O diretor de Mobilização do Sinmed-MG, Cristiano Túlio Maciel, classificou a medida como ilegal e antiética. Ele pediu que os médicos sejam reconduzidos a seus cargos e seja realizada uma reunião conjunta entre instâncias representativas, Provedoria da Santa Casa e os profissionais para alinhar procedimentos. Ele ainda disse que, se necessário, o sindicato tomará as medidas judiciais para defender os dois médicos.
O vice-presidente da AMMG, Gabriel de Almeida Silva Júnior, salientou que o diretor clínico e o vice-diretor são eleitos pelos seus pares do hospital, conforme regra do Conselho Federal de Medicina. “Isso deve ser respeitado”, defendeu. Ele pediu transparência e diálogo sobre o caso.
Walneia Cristina de Almeida Moreira, conselheira do CRM-MG, explicou que o conselho considerou a ação ilegítima, pois foi conduzida sem seguir os trâmites legais. “É uma situação ímpar que precisa ser investigada”, pediu.
Divergências sobre procedimentos seriam pano de fundo
Segundo o diretor clínico do Hospital São Lucas que foi destituído, Carlos Henrique Diniz de Miranda, a Provedoria da Santa Casa solicitou uma revisão no Regimento Interno do Hospital São Lucas, no ano passado.
Durante esse processo, houve discordância da Provedoria em relação a alguns aspectos, sobretudo em relação à contratação de novos médicos no hospital. Carlos Henrique Diniz contou que a gestão da Santa Casa defendeu a contratação como uma competência exclusiva do diretor técnico da instituição, ligado à Provedoria e sem relação com o corpo clínico.
Ele disse ter sido favorável à medida, desde que passasse pelo crivo do diretor clínico até então responsável pela questão. De acordo com o médico, o objetivo disso é verificar o currículo dos profissionais e seu histórico conforme regem as normas da profissão.
O assunto foi levado para assembleia com os profissionais do hospital que concordaram com ele. Dessa forma, a sugestão de novo Regimento, com essa e outras propostas, foi remetida posteriormente ao diretor técnico. Apesar disso, não houve retorno da Provedoria, como contou.
Na sequência, durante uma reunião com representantes da Provedoria, neste ano, ele e seu vice foram destituídos do cargo. Carlos Henrique Diniz disse que também foi desligado do cargo de coordenador do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade hospitalar, ao qual não pode retornar a partir daquele momento.
“Além de ter sofrido perseguição, tive meu direito de médico de prestar atendimento a 20 pacientes em estado gravíssimo cassado.” Carlos Henrique Diniz -Diretor-clínico do São Lucas destituído
O profissional ainda relatou que foi acusado de não querer contratar novos médicos para o hospital, o que seria uma inverdade. De acordo com ele, no tempo em que esteve à frente da instituição, nunca deixou de contratar nenhum profissional.
Corroborou a fala dele o vice-diretor do Hospital São Lucas, Francisco Eustáquio Valadares, também destituído do cargo.
Diretor do Sinmed-MG defende aprovação de profissionais por corpo clínico
O diretor do Sinmed-MG, Cristiano Túlio Maciel defendeu que o corpo clínico do hospital aprove as contratações de novos profissionais.
Ele ainda argumentou que, no mandato de Carlos Henrique Diniz, mais de 200 profissionais foram admitidos no São Lucas, não tendo ocorrido veto a nenhum médico.
“Isso tem uma razão ética de filtrar profissionais para a função. O corpo clinico já vedou a entrada de máfias em hospitais, por exemplo”, ressalta o diretor do Sinmed-MG.
Em sua opinião, o médico, que teve uma conduta ilibada em 30 anos de atuação e nunca foi advertido, sofreu perseguição.
Deputado pede que Provedoria repense situação
O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (Avante), que solicitou a reunião, classificou a iniciativa da Provedoria da Santa Casa como pouco transparente. Ele leu currículo do médico Carlos Henrique Diniz e demandou que a Provedoria da Santa Casa flexibilize a medida e pense em uma outra saída para o caso.
“Incompetência e negligência são adjetivos que não cabem na trajetória do doutor Henrique.” Dep. Arlen Santiago
O parlamentar leu mensagem da Provedoria da Santa Casa de Belo Horizonte, na qual foi destacado que o Hospital São Lucas não atende ao sistema público e, por isso, não há condições de expor os fatos.
Na mensagem, a direção da instituição salientou também que as decisões institucionais foram fundamentadas e comunicadas aos interessados.
O deputado Leleco Pimentel (PT) questionou se a comissão deve ingerir em assunto pertinente à direção de um hospital particular, o que Arlen Santiago rebateu por entender como objeto da comissão a área da saúde como um todo.
Leleco Pimentel ainda relatou que algumas sugestões defendidas pelo corpo clínico foram contrárias ao preconizado pela Provedoria. Ainda assim, como contou, foram levadas adiante pelo corpo clínico do hospital, sendo homologadas pelo CRM-MG, mesmo sem a assinatura do corpo técnico da Santa Casa.
O deputado Lucas Lasmar (Rede) corroborou a fala de Leleco Pimentel. Ele também salientou que as medidas da direção clínica desrespeitaram as regras da Provedoria, sendo passível de gerar repreensão.
Texto com informações da ALMG